"Foi tudo um Sonho", "O Leitor", "Ninho Vazio", "Dúvida"' - esses foram os quatro últimos filmes que assisti em menos de uma semana, e a cada vez que as luzes do cinema eram acesas eu me sentia paralisada, sem vontade alguma de sair daquela cadeira e encarar o mundo lá fora, porque sabia que ele poderia ser mais ou menos igual ao que eu vira na tela. Não sou uma pessoa pessimista. Até encaro a vida com um certo humor, e quem me conhece sabe disso. Mas esses filmes são tristes porque mostram uma imagem nada colorida da realidade e de como o ser humano pode ser cruel com os outros e, principalmente, com ele mesmo. A intolerância, a culpa, a frustração de sonhos não realizados, a rotina da vida, o cansaço dela. Temas vigorosos desses quatro roteiros com finais nada felizes e que nos fazem refletir sobre o que fazer para não acabar como alguns daqueles personagens. Me senti pesada com essa overdose de futuro sem futuro. Lembrei da Winnie em Dias Felizes, de Beckett, que vai se afundando num buraco (tempo e espaço ?) numa espera vã de que algo aconteça, embora só a cabeça esteja de fora, e, doce ironia, para ela ver os dias correndo sempre iguais.
Quis exorcizar esses cotidianos infelizes jogados na tela e que teimavam em me infernizar. Fui procurar uma boa comédia para me tirar daquele buraco de areia. E, para minha surpresa, nem precisei sair de casa para encontrar o riso. Um canal pago estava reprisando"Um convidado bem trapalhão", do grande Blake Edwards. O filme mostra um Peter Sellers em plena forma nos anos 60, no papel de um indiano, convidado para uma festa onde deu tudo errado. Poucas palavras e muitas atrapalhadas, ao estilo Jacques Tati. É de rolar de rir a cena do banheiro, onde Sellers desenrola todo o papel higiênico e, distraidamente, destrava a caixa da descarga provocando uma inundação. Entre muitas outras situações hilariantes, é decisiva a participação de um garçom que vai ficando bêbado durante a festa provocando mais tumulto ainda. Meu fim-de-semana foi salvo, e espero manter essa reserva de alegria por bastante tempo e manter meus dias felizes.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
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7 comentários:
hum... às vezes o lado "ruim" da vida é bom. Basta as vontades coincidirem. Já leu convite triste do Drummond?
um bjo!
André, eu li , boa dica! Aliás, estou tentando postar no seu blog, mas continua com o velho problema...nao sei o que rola. bj
adoro essa comédia, ganhei o DVD num aniversário há alguns anos... fiquei com vontade de rever!!!! e se quiser dar mais umas boas risadas vá ver o Monólogo da Velha Apresentadora, o Guzik tá óoootemo!!! Beijão!
ah!!! vai pra curitiba esse ano??? Erika
Érika, eu vou ver o Guza, claro! já vi o texto quando ele leu la nas Satyrianas...Nao vou pra Curitiba este ano, estou muito sem grana.bj
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