Temos ouvido falar muito na crise global. Não só no noticiário massacrante dos jornais, tevê, internet, rádio, cujo assunto é dominante desde o ano passado. Agora, o assunto pegou pra valer nas filas do cinema, no ônibus, no supermercado, nos restaurantes, entre amigos. O tema é frequente e começa a ficar preocupante porque pode mudar o humor das pessoas. Ontem vi um desses programas de mesa-redonda com analistas, economistas e jornalistas emitindo todas aquelas opiniões e previsões que a gente já está cansado de ouvir e sabe que dificilmente se cumprirão (sobre a duração da crise, quando ela vai arrefecer, quem são os maiores culpados, o que vem de pior por aí, blablablá). Um deles comentou que esteve recentemente em Nova York e percebeu um clima muito pesado. Sim, é inverno em NY, as pessoas já estão menos sorridentes por causa do frio, mas não é isso que as deprime neste momento. É a crise!
Disse o economista: " Fazia tempo que não via tanta gente deprimida nas ruas. E a razão principal a gente sabe qual é".
Bom, por aqui ainda não dá para visualizar concretamente rostos sorumbáticos e testas mais vincadas por causa do débâcle mundial provocada pelos tais títulos podres americanos. Mas não estamos imunes, como já pudemos ver com a sequencia de demissões em massa no setor industrial e queda nas vendas do comércio. Será que nossos pensamentos já dedicam parte - mesmo ínfima - do dia a elocubrar como vai ser o ano para nós? Se sobreviveremos em nossos empregos até julho, dezembro, 2010? As pessoas estão mais comedidas nas compras e os restaurantes experimentam poucas filas, até mesmo nos domingos. Percebi isso outro dia, num lugar que costuma encher de famílias das 13h às 15h no fim-de-semana. Quando estive lá com uma amiga, nesse horário, havia várias mesas disponíveis. Péssimo, diriam os pessimistas.
Não sei até que ponto esse momentum turbulento mundial vai afetar nosso humor daqui pra frente - o dos brasileiros - mas, ontem, fiquei muito irritada com o que ouvi de dois estudantes da USP (talvez antropólogos, pelo tom da conversa) numa fila de cinema. Um deles tinha visto O Ensaio sobre a Cegueira e estava comentando que aquele cenário, de pessoas nas ruas andando como zumbis e à procura de algo para comer, não é nada fantasioso diante dessa crise. "Não é um cenário irreal, teremos em muitos paises guerras civis e gente se matando por comida. Você vai ver só!", falou, convicto, um deles. Cruzes!! Eu saí dali correndo depois de ter comprado meu ingresso. Queria me livrar daquele baixo astral que grudava nas minhas costas. Só espero que todas essas previsões horrorosas estejam longe da verdade e não estraguem o meu (nosso) humor.
segunda-feira, 2 de março de 2009
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Um comentário:
Barbara, querida, o povo gosta mesmo de catástrofe... é claro que tem uma crise mundial, mas daí a dizer que nosso fim é esse cenário tétrico do filme já é demais, né não??? beijocas cheias de bom humor pra vc!!! Erika Riedel
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