terça-feira, 25 de agosto de 2009
twitter, blogs e jornalismo
Tenho ouvido falar muito sobre a morte da tevê, provocada pela internet e por seus serviços online de vídeo (You Tube, Hulu, e outros). Ou, pelo menos, na mudança do jeito que as pessoas assistem tevê hoje, sentadas, esperando seu programa começar. Isso parece estar mudando realmente. Estamos na era da interatividade, o espaço virtual quer contracenar com o real. Todo o mundo "precisa"ter uma opinião, deseja aparecer num vídeo, na tela grande ou pequena, participar de reality shows ou de alguma coisa que nem elas sabem bem o que é.
Ouço, também, prognósticos nada otimistas para os blogs, que seriam engolidos pelo fenômeto Twitter, sob a alegação de que ninguém mais tem tempo de ler textos enormes numa tela de computador e, ainda mais, de gente anônima.
Numa época em o instante online chama mais a atenção do que um bloco de notas impresso ou brilhando na tela de nossos dispositivos digitais, o microblog de 140 caracteres é o dono do ciberespaço. O Twitter se transformou num repositório de frases (muitas, criativas), opiniões, pensamentos, dicas valiosas ou puro besteirol de spammers chatos, se reproduzindo na internet a cada segundo. Não nego o seu valor, trata-se de mais uma das tantas fontes de informação das quais dispomos atualmente, se usado com parcimônia e sem nos transformar em vítimas, inclusive do marketing invasivo das empresas.
Em defesa dos blogs, penso que sempre haverá gente querendo expandir sua reflexão para além de duas linhas e saber que existirão alguns leitores para compartilhar essas idéias, memórias, fatos cotidianos e informações. Mesmo que isso comece aprisionado no twitter.
Não tenho bola de cristal para saber o futuro, mas lembro que nos anos 60 se falava muito que a televisão ia matar o cinema, as pessoas não iriam mais sair de casa para ir ao teatro, etc... E isso não aconteceu. Os tempos eram outros. Não havia internet, nem computador, nem conteúdos ricos como os que dispomos hoje. No entanto, com toda essa revolução digital, ainda tem muita gente sentindo necessidade de ler jornal durante o café da manhã. Para mim, um dos grandes prazeres do dia. Tudo é questão de hábito, de curiosidade, e de saber dividir bem o tempo.
Esses dias um amigo me perguntou se nós, jornalistas, não estaríamos ameaçados com tanta informação pulando na nossa tela minuto a minuto e sendo escrita por gente de todas as profissões, bastando estar no lugar certo e na hora certa. Aí, eu lembrei do Andrew Keen, o polêmico escritor e jornalista britânico, crítico contumaz da Web 2.0, da sua interatividade, de conteúdos levianos postados diariamente, do caos da informação inútil que, na sua opinião, são empecilhos à cultura de qualidade. Em entrevista recente a um programa de tevê, Keen disse que um bom jornalista de hoje precisa ter duas qualidades: a óbvia curiosidade natural e ... o domínio da tecnologia. Ou seja, quem não tiver isso estará fora. Acho que, desta vez, concordei com ele.
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