Saindo da sessão do filme de Woody Allen, Sonho de Cassandra, na sexta-feira à noite. Pego um táxi e o taxista já fala: hoje a sexta-feira tá bem parada...não sei o que acontece. Comento que também achei o cinema meio vazio, apesar de ser estréia, e ele aproveita a deixa para fazer uma definição bizarra aa respeito desta minha grande paixão, o cinema:
Ah, eu não perco tempo em ver esses filmes por aí. Odeio! Não tem Cristo que me faça gostar de entrar numa sala escura, com uma tela na frente, com um monte de gente ali dentro, respirando, num ar viciado. Pra mim, o bom é estar aqui fora, apreciando a natureza e respirando o ar puro. Ninguém me pega nisso. Só minha mulher. Ela é louca por cinema, e eu prá não deixá-la ir sozinha, sou obrigado, de vez em quando, a fazer o sacrifício. Mas faço uma exigência: tem de ser filme brasileiro, porque ainda por cima ficar lendo legenda, não dá, né? Mas os filmes brasileiros hoje são tudo de sacanagem ou de violência.
Eu muda. Não ia perder meu tempo tentando convencer o homem sobre as maravilhas e a magia do cinema, ele não queria ser convencido. E, além do mais, eu estou cansada de brigar com as pessoas sobre o que eu acho bom, útil ou necessário. Desligo, simplesmente. Mas, ele continua a falar mal dos filmes e deixa escapar que um dos únicos que gostou, ultimamente, foi um tal de "Seo Chico", um documentário feito em Santa Catarina, embora ele não identificasse o filme como um documentário pois desconhecia a palavra. O filme aborda a tradição de se produzir cachaça em Florianópolis e cujo engenho do seu Chico foi um dos últimos em atividade. O personagem em questão morreu assassinado em 1996 e, até hoje, a polícia local não desvendou o mistério sobre sua morte. Suspeitava-se do sobrinho de seu Chico, mas ninguém pode provar nada.
Bem, o taxista, então, encontrou alguma coisa positiva no cinema se gostou do documentário sobre o velho Chico... Ou seria porque conheceu o método de fabricação da cachaça? Não deu tempo de saber a resposta porque já estava na porta de meu prédio.
sábado, 17 de maio de 2008
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