Sei que não é muito, mas é um número redondo. Completo hoje 100 posts nesse blog! A preguiça, a falta de inspiração e de tempo têm me impedido de ser mais assídua. Não prometo nada, mas juro que adoraria atualizar com mais frequência (a trema não entra, mas como ela vai acabar mesmo...) este espaço. Vou tentar...
Enquanto isto, para quem perdeu no cinema ou já ouviu falar e não prestou muita atenção, corra até as locadoras para alugar Soy Cuba, O Mamute Siberiano, documentário dirigido pelo brasileiro Vicente Ferraz (e bem comentado quando foi lançado no Brasil em 2006). O filme aborda a realização do antológico filme Soy Cuba, dirigido pelo soviético Mikhail Kalatozov para homenagear a revolução cubana que acabara e acontecer dois anos antes. O diretor liderou uma equipe de 200 pessoas - uma co-produção entre russos e o governo cubano - e levou 14 meses para rodar e finalizar a película. Há momentos antológicos, especialmente a primeira cena de um enterro de um estudante morto pelo governo de Fulgêncio Batista, uma das cenas mais longas já vistas nas telas e sem cortes, o que para a época e para as condições do país era uma epopéia. Em P&B, o filme evocado no documentário de Ferraz é filmado sob a lente poética de Kalatozov, mas obedecendo ao dogma do realismo soviético, com cenas longas, silenciosas, em meio tons (a iluminação é um assunto à parte). Me lembrei de Rosselini e Antonioni, mas também de Murnau.
O documentário (de 2005) buscou em Cuba e na Rússia as pessoas que participaram do filme, seus iluminadores, maquinistas, atores, câmeras (o diretor e o roteirista já morreram), mais de 40 anos depois. E o mais irônico é que quando o filme estreou, na época, não entusiasmou nem russos nem cubanos (as culturas eslava e caribenha não tinham nada a ver uma com a outra, era o argumento dos seus críticos). E não serviu nem como arma para propaganda da revolução fora dos trópicos e muito menos como obra de arte. Foi considerado enfadonho e longo demais. Bem, não vou contar tudo, senão perde a graça. O fato é que depois de guardado por mais de 30 anos nos arquivos do instituto de cinema de Cuba (ICAIC) foi descoberto por Martins Scorsese e por Francis Ford Coppola. Bom, aí vocês já imaginaram o que deve ter acontecido.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
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