Terminei de ler há algum tempo, mas recomendo fortemente De Amor e Trevas, de Amós Oz. Um livro destinado a quem quer, se interessa ou precisa entender um pouco sobre a saga do povo judeu, sob o ponto de vista de um de seus orgulhosos descendentes. É uma autobiografia, com retoques romanceados, de um dos maiores escritores contemporâneos, narrada com prosa fluida, sensível e intensa sobre seus ancestrais russos e poloneses obrigados a encontrarem um destino incerto e árido na terra prometida, durante os horrores da segunda guerra mundial. A infância meio solitária do menino Amós Klausner foi cercada de livros e de gente adulta, severa mas muito erudita. O que o salvou da depressão foram os livros e o kibutz, eu acho.
É sempre bom ver o ponto de vista de um judeu pacifista sobre a questão milenar envolvendo seu povo e os palestinos. De Amor e Trevas, de Amós Oz, é uma obra perfeita para se começar a extirpar preconceitos anti-semitas e ainda presentes em muitos corações e mentes. O livro traz um número incansável de datas, eventos, nomes de familiares e gente ilustre de Israel, e se o leitor sublimar esse fato (eu gosto, mas tem gente que não) e deixar o glossário de significados de palavras e de alguns símbolos judaicos para ler no final, vai adorar.
Tive a felicidade de assistir ao debate entre Amós Oz e a escritora sul-africana Nadine Gordimer, durante a Festa Literária de 2007, em Paraty. Os dois autores falaram sobre o papel da literatura no resgate da humanidade permeada pela injustiça. Nada mais apropriado para os dias de hoje.
terça-feira, 22 de julho de 2008
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