sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Philip Roth

Um novo livro de um de meus autores preferidos, Philip Roth, The Humbling, foi lançado nos Estados Unidos. A novela conta a história de um ator talentoso e muito elogiado, com 60 e poucos anos, que sofre um bloqueio e descobre que, ao chegar no palco, não consegue mais representar. Ou seja, a pior coisa que pode acontecer para um ator. Roth mantém, de novo, seus fantasmas rondando por aí.
Com 76 anos, o autor está mais produtivo do que nunca. Explicável, porque o tempo é curto quando se chega aos 70, e nós, seus fãs, saímos ganhando. Mas será que essa voracidade por escrever um livro por ano é porque ele também teme um bloqueio? Como ele diz não acreditar no depois, só no agora, dá pra entender essa pressa.
Para quem tiver curiosidade de saber mais um pouco sobre Roth, que é introspectivo, mora no interior, não escreve e nem lê e-mails, e não acha que a experiência judaica seja tema de seus livros (embora ela permeie todos os seus romances), indico dois bons links.
Um com uma recente entrevista em vídeo dada a uma jornalista americana para o blog The Daily Beast. Aqui ele fala do novo livro (um outro está a caminho, Nemesis), sua rotina de trabalho e medos.
http://www.thedailybeast.com/blogs-and-stories/2009-10-21/philip-roth-unbound/


O outro post bacana é uma entrevista dada à jornalista Lúcia Guimarães, em Nova York, em junho passado
http://www.cafecolombo.com.br/2009/06/14/lucia-guimaraes-entrevista-philip-roth/

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tarantino voltou!


"Bastardos Inglórios", do Tarantino, pra mim, é o melhor filme do ano. Bem, a Mostra de cinema só começa na semana que vem, aí veremos.
A gente pensa que ele já fez o melhor com Cães de Aluguel, Pulp Fiction ou Kill Bill, mas continua nos surpreendendo. Desta vez, ele foi longe demais. Nos deixou atônitos. "Bastardos..." é amparado num elenco de primeira, com destaques para o alemão Christoph Walz no papel de caçador de judeus (simplesmente sensacional), e Brad Pitt, o caçador de nazistas (em mais uma de suas hilárias atuações, com sotaque caipira sulista dos Estados Unidos, e codinome Apache - por causa dos escalpos que impõe as suas presas alemãs). Os dois - e os vários e ótimos atores escolhidos a dedo - fazem duelos frequentes, como nos antigos faroestes de John Wayne e do velho Clint, recheados de diálogos afiados, claro. Não dá pra perder nada, o texto não é coadjuvante, é fundamental para a graça do filme. A música não podia ser diferente, dialoga fluentemente com o clima da trama, com clássicos de Ennio Morricone que embalavam os westerns. A história (ou fábula) é contada em capítulos, e se concentra nos últimos anos da II Guerra Mundial, em território francês ocupado pelos nazistas. E é cheia de gente ruim - ali ninguém é mocinho - , e no meio do sangue e violência, outra característica nas películas de Tarantino, sobra espaço para o humor (negro), óbvio, outro presente do cineasta para seus fãs. Só Tarantino (ou, talvez, os irmãos Coen) para fazer uma cena em que se come uma apfelstrudel com creme parecer tão tensa a ponto de o espectador ter a sensação de uma arma estar sendo apontada para ele. As pessoas gemem no cinema!
E o gran finale, então (não vou contar, claro), indiscutivelmente, uma das idéias mais originais do cinema, e que só um gênio como ele poderia ter tido: uma legítima vingança dos judeus contra os seus algozes nazistas.
Tarantino, só não quero esperar mais 4 anos para ver outra de suas genialidades na tela.