segunda-feira, 30 de julho de 2007

Aquecimento aonde?

Tem feito tanto, mas tanto frio aqui no sul, que a cada blusa de lã que coloco sobre outra que já está sobreposta noutra camiseta, a cada meia que calço sobre outra e a cada teclada que dou no computador com luvinhas sem dedinhos - congelados - me pergunto: onde está o aquecimento global, o efeito estufa, e os invernos amenos que tivemos nos últimos três anos aqui em Florianópolis? Nem falo do Rio Grande do Sul, porque lá o inverno está de congelar pingüins. As frentes frias não dão trégua no sul do País. Vem uma atrás da outra, de enfiada, sem permitir que a gente se recomponha, evitando de usar esses agasalhos um pouco exagerados e que nos deixam meio ridículos - especialmente dentro de casa.
É o inverno mais rigoroso dos últimos 12 anos, dizem os meteorologistas. Nossas casas, no Brasil, não têm aquecimento central, nem pisos, paredes ou janelas preparadas para esse frio ao estilo hemisfério norte. Tudo é gelado.
Mas, pelo menos podemos dispor de aquecedores, roupas quentes, cobertores, ar condicionado. Fico lembrando das pessoas que não têm nada disso e como elas estão sobrevivendo a esse clima (se é que estão). E os animais sem dono? Durante algumas madrugadas ouvi, ao longe, o lamento persistente de um gato, não sei se era por causa do frio ou se ele tinha outra queixa (dá uma angústia ouvir esse choro e, mais ainda, não saber como ajudá-lo pois ele não ficava visível a partir de minha janela). Nas últimas duas noites, porém, o choro cessou. Como foram madrugadas com 4 a 6 graus de temperatura, me pergunto se o bichano morreu de frio ou arrumou um cantinho mais quente para ficar. Prefiro achar que gatos têm sete vidas e sabem se virar bem. Ao contrário de nós, humanos, tão fracos, tão dependentes, tão queixosos, e que a qualquer friozinho já reclamam de tudo e acham que vão morrer congelados, mesmo cheio de roupas por cima e por baixo.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O país das chuteiras (femininas)

Marta, Cristiane, Cylene, Daniela, Andréia, Aline, Pretinha... alguém já ouviu falar dessas meninas antes de começar o Pan? Talvez. São as meninas da nossa seleção de futebol feminino e que fizeram a melhor campanha coletiva nesse Pan, pois ganharam todas as partidas - fizeram 33 gols, não levaram nenhum, com uma média espetacular de mais de 5 gols por partida (fizeram 11 na Jamaica e 10 no Equador).
Hoje, essas meninas valentes, aguerridas, desafiadoras e talentosas ganharam a medalha de ouro contra a seleção norte-americana, considerada a melhor do mundo, campeã mundial e olímpica, blá-blá. Tá certo que parece que os Estados Unidos mandaram o time B, mas mesmo o time B deles impõe respeito. Aliás, nunca entendi isso de os EUA sempre mandarem os times Bs para os jogos pan-americanos, talvez seja porque nos considerem atletas de segunda categoria e não mereçamos ter o privilégio de enfrentar o seu time A. Mas mesmo que viesse o time A, tenho certeza de que ele se intimidaria com essas brasileirinhas lutadoras, oriundas de famílias pobres do nordeste e do interior deste País, que enfrentaram preconceitos de toda a sorte para chegar aonde chegaram. E, ainda hoje, com todo esse potencial, esse talento e essa garra, jogando como jogam, não contam com patrocínios, nem apoios de empresas ou dos governos, a maioria delas nem tem onde trabalhar aqui dentro porque não há interesse em estimular o futebol feminino neste País, onde predominam as chuteiras masculinas. Uma das exceções é a nordestina Marta, eleita a melhor jogadora do mundo no ano passado, pela Fifa, e com uma carreira sólida na Suécia. Katia Cilene lembrou que precisou se vestir de menino para poder treinar e enfrentar o preconceito na sua cidade, já que futebol é para homens e não para mulheres.
Pois bem, essas meninas deram, hoje, uma lição em todos nós. Mostraram, jogando, pois é isso que elas fazem melhor, que devemos prestar mais atenção nos outros esportes em que somos muito bons. Elas nos lembraram que o Brasil não é feito apenas de bola nos pés de machos. Há outros esportes - futebol feminino, basquete, atletismo, karatê, TaeKwon-Do, ping-pong, badminton, etc. - que esperam por nossa atenção, nosso apoio, nosso reconhecimento, nosso patrocínio.
Foi emocionante ver o Maracanã com 70 mil pessoas gritando por Marta, Cristiane, Pretinha, Daniela, nomes que não estamos acostumados a falar nem a ouvir, porque estivemos meio cegos e surdos para outros atletas que não fossem Ronaldinhos, Kakás, Adrianos e Robinhos. E porque torcemos por chuteiras masculinas - que nem sempre nos merecem.
Infelizmente, por aqui, poucas chances têm os outros atletas de crescerem, serem patrocinados e se profissionalizarem, como acontece nos Estados Unidos, Rússia, Cuba, Canadá, Inglaterra, Hungria, Suécia, só para citar alguns países onde a atividade esportiva é levada a sério desde a escola primária. Assistimos há anos os EUA e Cuba liderarem as competições mundiais. E isso cansa.
Por isso, o mérito dessas meninas da seleção feminina do futebol foi retumbante. Não só por terem ganho a medalha de ouro contra o melhor time do mundo (?), contra a poderosa seleção dos Estados Unidos, mas por terem chegado aonde chegaram, sem levar nenhum gol, fazendo inúmeros contra as outras e sem queixas, sem lamúrias, sem frescura. O único choro visto naqueles rostos foi a expressão da alegria e da emoção. Será que alguém do governo, da mídia e das comissões técnicas prestou atenção no recado dado por elas?

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Surtei

Me bateu um surto de egoísmo.
Não agüento mais: ler sobre "mais um dia de caos nos aeroportos";
problemas em aviões descendo, subindo ou no ar;
ver gente chorando ou reclamando nos aeroportos de que não conseguiu embarcar;
pessoas brigando com os funcionários das companhias;
esses mesmos funcionários com cara de patetas ouvindo os gritos e sem nada a dizer para essas pessoas histéricas;
o jogo de empurra e a incompetência do governo para tratar a crise;
a ganância das companhias aéreas;
os parentes das vítimas que não conseguem enterrar seus familiares sem a identificação do IML; e as palavras Congonhas, Cumbica, Cindacta; Anac; grooving; aquaplanagem; reversor; frenagem; vôos cancelados...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Crianças

Tenho um afilhado que acaba de completar 7 anos. Por ele estar em férias, dedico um dia menos corrido da semana pra ficar com ele. Gabriel diz que adora (esse é o verbo usado por ele) ficar comigo, e eu fico inchada de tanto orgulho. Acho que é verdade, porque criança não costuma mentir. Também porque faço todas as vontades dele. Brinco de bola, passeamos no parque, o levo para andar de motinho na pracinha, preenchemos juntos os álbuns de figurinhas, jogamos o novo tabuleiro do Bob Esponja - personagens dos mais carismáticos do mundo infantil e um verdadeiro ídolo de Gabriel -, e assistimos pela 10ª vez o filme do Scooby Doo.
O mais fascinante nas crianças, a meu ver, além de sua sinceridade demolidora, é a lógica peculiar. Hoje, andando na rua, vimos muitos cachorros com seus donos tomando sol. Desde pequeno Gabriel sente um pouco de medo de cachorros, embora crianças nessa idade costumem amar os cães e fazerem festinha quando vêem algum por aí. Sempre pergunto sobre esse medo, mas ele não me responde, ou só fala aquela famoso "porque sim" que as crianças costumam dizer quando não querem entrar em pormenores e já cortando o assunto. Então, eu lembrei a ele sobre a nobreza dos cachorros, pois são eles que estão cavando nos destroços do acidente da TAM à procura de corpos (depois me arrependi de ter tocado neste assunto com uma criança), e são sempre a eles e ao seu faro que os homens recorrem em horas difíceis e trágicas. Que são os cães nossos fiéis companheiros e nunca nos abandonam ou nos traem. Enfim, depois de fazer a apologia ao bicho ainda cravei o clichê: "o cachorro é o melhor amigo do homem". E ele, de pronto e com a sua lógica infantil, rebateu sério: "e das mulheres, não?"
p.s. - eu também A D O R O estar com meu afilhado, e nada aquece mais o coração do que aquele pingo de gente vir beijar e abraçar a gente de manhã, dizer bom-dia e nos acordar às 7 horas de uma fria manhã de inverno.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Tragédia aqui dentro

Uma das regras mais interessantes aprendidas no jornalismo é: quanto mais próximo do leitor estiver o fato, mais interesse ele vai despertar.
Todos os dias assistimos pela tevê e lemos nos jornais o grande número de mortos em mercados de Bagdá, os desastres naturais com perdas significativas em terremotos no Japão, maremotos na Ásia, incêndios na costa oeste dos Estados Unidos -, desabamentos de minas na China, ataques em mesquitas no Paquistão, acidentes aéreos na Rússia. Mortes em massa é uma rotina neste mundo. São fatos que acontecem longe do Brasil e provocam uma certa comoção, mas na dose certa. Nunca pensamos neles mais do que o necessário, porque as notícias mudam com um simples reload no navegador da Web ou um zapping no controle remoto. Pano rápido e já somos apaziguados com uma medalha de ouro no Pan, ou bombardeados por uma nova crise política em Brasília. São os fatos que nos atropelam. Mas quando eles são trágicos e acontecem dentro de nossas fronteiras, no País, na nossa cidade, no nosso bairro, na nossa cara, temos uma reação totalmente diferente daquela experimentada ao vermos os sunitas matando xiitas no Iraque. Ali é só dar o reload e a tela muda. Com o acidente do vôo JJ 3054 da TAM, em São Paulo, vitimando mais de 180 pessoas, a situação é outra. É um acontecimento que nos comove profundamente, nos faz pensar, nos deixa com insônia e tristes, sem palavras, a não ser aquelas para lembrar e relembrar a tragédia. Nos faz perder amigos, parentes, conhecidos. Uma tragédia anunciada e resultado de uma sucessão de erros, que deve ser investigada de forma incansável a partir de hoje, embora saibamos que há poucas chances de mudanças no sistema de transporte aéreo brasileiro, num país em que a impunidade não mede mais esforços para se manter latente.
Um acidente dessa magnitude me faz olhar para o céu - e hoje ele está azul em Florianópolis - e para a tranqüilidade do mar que se espraia na frente de minha casa e repetir para mim mesma: obrigada por eu estar viva! Obrigada por mais este dia, obrigada por ninguém da minha família ou nenhum de meus amigos figurarem entre as vítimas. Não sei a quem agradeço, acho que é a mim mesma por não estar naquele avião. E também aos vários amigos que me ligaram ontem para saber de mim.
Infelizmente outras 180 pessoas estavam no vôo JJ 3054 ou morreram em terra. A esses familiares, se tiverem fé, só resta o conforto de alguma oração, e a esperança de que essas mortes (assim como as do acidente da Gol, em setembro passado) sirvam para mudar alguma coisa nesse país de desmandos e amadorismo, especialmente quando tantas vidas estão em jogo. Porque para esses parentes e amigos das vítimas do vôo 3054 não basta dar o reload na página.

domingo, 15 de julho de 2007

Vaias

Cometi uma incorreção no meu post anterior. Na verdade, o presidente Lula foi vaiado seis vezes na cerimônia de abertura do Pan, no Maracanã, e não apenas três. Acho que perdi os outros momentos das vaias porque fui pegar um café na cozinha. Não gosto de ocupar este espaço falando de políticos, porque meu tempo é precioso demais para perder com eles, mas achei muito apropriada a manifestação democrática das 90 mil pessoas naquela tarde do dia 13 de julho. Eu sou otimista, e acho que as vaias podem ter servido para mostrar ao presidente que esta ilha da fantasia que ele apregoa ser o Brasil de hoje só está na cabeça dos governantes. Vimos, no Maracanã, uma intocável popularidade ser arranhada (como diz o grande Clóvis Rossi: um risco no teflon) e um boa dose de realidade ser desvendada para quem anda meio cego com tantos apupos, culto à personalidade e ôba ôba em torno da sua figura. Espero que para alguma coisa positiva tenham servido as vaias e não só para constranger Lula e d. Marisa.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

A festa do esporte

Ainda sob o impacto da festa de abertura do Pan, no Rio de Janeiro. Foi emocionante ver um espetáculo com a cara do Brasil, suas cores, sua alegria e a sua música. Os mais de 1.500 ritmistas de escolas de samba tocavam Brasileirinho na recepção aos atletas dos 42 países - uns com delegações imensas, outros com apenas dois participantes, a minúscula equipe de Dominica, na América Central. O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, um animado porta-bandeira à frente de mais de 800 elegantes atletas brasileiros que sambavam com seus chapéus amarelos; a brava Elza Soares cantando o Hino Nacional com tanta emoção que levou muita gente às lágrimas. Momento mágico: o menino baiano Kainã, de apenas 12 anos, toca um tambor e lidera os 1.500 percussionistas no estádio. A platéia delira. A coreografia montada com 4.500 voluntários para a dança da fauna e flora, seguida do movimento das águas - com a praia de Copacabana como tema -, as manifestações folclóricas do Boi de Cara Preta, Cazumbá, Carrancas; as músicas de Tom Jobim, Caymmi, Carlos Gomes, Villa Lobos, Ari Barroso. A alegria dos atletas veteranos, medalhistas de ouro em competições em Barcelona, Cuba, Atlanta, carregando a tocha olímpica, faísca para iluminar o imenso sol dos jogos pan-americanos e ao som de Cidade Maravilhosa, com Daniela Mercury. Foi bonito de ver.
Com uma ajudinha de produtores da Disney, mas também de carnavalescos brasileiros, mostramos nossa capacidade para montar espetáculos de alto nível em competições esportivas, porque optamos pela simplicidade e pelo que temos de melhor neste país: a criatividade e a energia do nosso povo.
E estou certa de que todas as pessoas que lotaram o Maracanã esta tarde saíram de lá felizes e orgulhosas. Mas ao menos uma deixou o estádio muito constrangida, o presidente Lula, vaiado ruidosamente por três vezes pelas 90 mil pessoas. Aquele não era o momento dele. Ainda bem que chegou calado e calado ficou, afinal era um momento de festa.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Leituras, autores, mistérios

Ler é um dos maiores prazeres da vida para muitas pessoas. Ler, assistir a um bom espetáculo de teatro, um filme interessante, uma viagem sonhada. São experiências estimulantes que aguçam nossa mente e nos dão uma sensação muito agradável, comparável talvez àquela vivenciada pelo fumante ao acender um cigarro depois do café ou do sexo, ou à de beber um bom vinho num ótima companhia. Experiências sensoriais que nos cativam, nos prendem e nos despertam.
Se estamos vendo uma peça ou um filme, ou até mesmo viajando com alguém, podemos dividir nossas opiniões imediatamente com as pessoas ao nosso lado, amigos, gente que está VENDO a mesma coisa que nós. A mesma obra provoca opiniões diversas - uns gostam, outros nem tanto - e tudo é falado, debatido e esquecido horas depois. Com os livros é um pouco diferente. O prazer da leitura costuma ser silencioso, misterioso, solitário e sólido. Talvez, por isso, mais intenso. Podemos tocar, manusear o livro, saborear cada palavra, cada página, pensar naquilo que o autor escreveu, e usando o tempo que cada um de nós necessita para refletir sobre as suas idéias. Puro deleite. E sem aquela sôfrega e exibicionista necessidade que temos de expor nossas opiniões ao grupo sobre o que acabamos de VER (um filme, uma peça), e em alto e bom som para que todos ouçam (e digam: "ai como você é chata!"). LER não é igual a VER ou OUVIR.
Talvez por isso eu tenha experimentado uma sensação diferente durante a FLIP - a Festa Literária de Parati - quando o genial e recluso J.M. Coetzee começou a ler para um grupo calculado em 2.600 privilegiadas pessoas (nas duas salas - a dos autores e a do telão da praça da Matriz) alguns contos selecionados por ele do seu mais recente livro, Diário de Um Ano Ruim, a ser lançado até o final do ano no Brasil. Foi uma leitura impecável, precisa, perfeita. A platéia - embora frustrada por não poder debater com o autor (por exigência dele), ouvia atentamente saboreando e segurando cada palavra no ar para que elas não escapassem daquele espaço coberto por um toldo de pano. E cada ser humano naquele momento, tenho certeza, apesar de integrar um coletivo de centenas de pessoas, sentadas lado a lado, tinha a sensação de estar em casa, na sua poltrona, apenas na companhia daquele som, daquelas palavras. OUVINDO Coetzee. Mesmo quando ele fez aquele longo silêncio, à espera de que o alarme do carro na rua parasse de interromper suas palavras.
Talvez pelo modo como autor nos fez ouvir, pelo mistério que envolve sua vida pessoal, pelo seu peso no mundo literário, enfim, seja lá o que contribuiu para essa mística leitura, ela teve uma importância particular. Não posso dizer que tenha testemunhado esse mesmo comportamento solene da platéia durante a leitura de outros autores, mais carismáticos e igualmente talentosos. A sul-africana Nadine Gordimer chegou bem perto disso com um capítulo de seu novo livro, De Volta à Vida, mas para mim, em especial, porque o tema me toca de forma particular. Guilllermo Arriaga, o roteirista de 21 Gramas, Amores Brutos e Babel, é outro que me seduziu. Talvez por ser latino e pelo drama pessoal (desde os 13 anos ele não tem olfato, vítima de uma violência praticada por um bando de adolescentes). Lawrence Wright, o jornalista e autor de O Vulto das Torres, um de meus livros preferidos deste ano, por sua vez, precisou enfrentar um histriônico, parcial e deselegante Robert Fisk. (Em tempo, gosto muito do que Fisk escreve e admiro sua coragem na defesa do Oriente Médio em seus artigos). Mas nenhum desses escritores arrebatou tanto e tanta gente ao mesmo tempo como Coetzee, o mesmo que não quis debater, não quis responder às perguntas do público, detesta fotos, nao fala de sua vida pessoal e escreve com precisão cirúrgica. São grandes os mistérios da literatura.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

nomes...

Estou com muita pena da jovem James Alves da Silva, de apenas 16 anos, já grávida. Não, não é porque a adolescente está grávida que estou com pena dela. É por causa do nome que ela recebeu ao nascer. A mãe, Ana Célia, achou "tão bonito" que não viu nada de estranho chamar a filhinha de James. Apesar dos problemas causados à filha na escola, com os amigos, na vida, a menina com cara de Ana, Maria ou Nicole (nome com o qual queria ser batizada) conseguiu chegar à adolescência sem maiores traumas. Só que as coisas não seriam tão simples para ela. Além desse nome esdrúxulo, o notário da cidadezinha baiana de Banco Central (e isso lá é nome de cidade?) registrou o bebê recém nascido também como homem! Claro, faz sentido. Descuido do tabelião? E o que dizer dos pais de James, que nem perceberam o erro durante 15 anos (!), idade em que a menina precisava tirar uma carteira de identidade e a emissão do documento foi negada porque ela era ele, pelo menos na certidão de nascimento.
Agora, James não pode casar com seu companheiro e está com problemas para fazer o pré-natal porque foi registrada como homem. Que situação! Além da falta de boa vontade do posto de saúde do Jardim Caiçara (em São Paulo), onde ela foi tentar o pré-natal, e do fato de seu cartório ter sido transferido para Ilhéus e nenhum dos antigos funcionários do cartório de Banco Central (BA) existir mais, James quer trocar o nome para Nicole e não consegue, não sem antes trocar de sexo e ser reconhecida como mulher, que ela é, de fato. Não bastasse essa situação complicada na vida de James, a mãe dela, a mesma que fez o favor de chamar a filha com nome de homem e não ter se dado conta também do erro do tabelião no registro (talvez pelo fato de ela ser semi-analfabeta), revelou à Folha de São Paulo que outros dois nomes estavam na sua lista para a pobre filha: Tabita ou Sadoque (se ela fosse menino).
Acho que deveriam proibir d. Ana Célia de ter essas "brilhantes" idéias para nomes. James/Nicole, um conselho: não deixe sua mãe chegar perto de um tabelião com o neto no colo.

Mais cinema

A propósito do post anterior, queria dar uma dica sobre a nova comunidade dedicada ao cinema, com conteúdos postados por blogueiros do Brasil, México e Argentina. A Fox convidou um grupo restrito de pessoas para criar essa comunidade de blogs, especializada em lançamentos de filmes na América Latina, o Bloggers Cut www.bloggerscut.com . Divirtam-se.