segunda-feira, 22 de setembro de 2008

aos 60

Chegar aos 60 com saúde, vigor físico para continuar trabalhando, um pouco de dinheiro no bolso para a diversão e viagens, e tesão para o que der e vier nesta vida (inclusive para o velho e bom sexo) é uma dádiva. No Brasil, onde os sistemas de previdência social e de saúde pública não são exatamente um primor, é uma sorte chegar lá carregando essa bagagem. Quem puder pagar uma aposentadoria privada e um convênio particular se habilita a um futuro mais garantido. Teoricamente, pelo menos. Mas, presentes de grego estão sempre à espreita nesses aniverários redondos, quando estamos prontos a permear mais uma década.
Um conhecido meu acaba de completar 60 anos. Junto com as velinhas, o bolo, novos cabelos brancos, algumas ruguinhas extras e a alegria de estar saudável e em plena forma, ele recebeu um presente especial, embalado cuidadosamente dentro de um envelope branco e colocado debaixo da porta. O remetente era seu plano de saúde. A notícia, que coincidiu com o aniversário, não era das melhores e nem menos apropriada para uma data tão festiva. Era um comunicado sobre o aumento do seu convênio médico: nada menos de 140% para os próximos 10 anos! Uma praxe dessas seguradoras, aliás, levando em consideração que ao atingir a terceira idade você forçosamente será uma pessoa decrépita, doente, queixosa da vida, e dando muito trabalho aos seus familiares ou amigos mais jovens, tomando remédio para depressão, se enchendo de bolas para dormir.
É essa a idéia que essas empresas sanguessugas fazem de um sessentão? Pois conheço muita gente em plena atividade com mais de 60. Estão trabalhando muito, fazendo academia, viajando, escrevendo, atuando, correndo, fazendo um check up por ano, sem gastar o precioso dinheiro dos seguros (que é nosso, afinal) com médicos ou exames sistemáticos. O fato de passarmos de uma década para outra não deve ser motivo de tristeza e sim de regozijo. É momento de comemorar e não de chorar. Mas eles não deixam!!!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

como ser zen?




A cidade mantém um ronco surdo e constante ao fundo. São os carros, os motores das obras, os caminhões de entulhos, o barulho das motos, tudo se junta para formar esse ronco uníssono que nunca cessa. Sem falar das sirenes, das buzinas, das freadas bruscas. O ar é pesado, meus olhos ardem e a cabeça dói. O inverno paulistano tem temperaturas acima de 30 graus, sufoca e nos mantém meio inertes e com uma sensação de torpor. Me lembro do verão de Porto Alegre, insuportavelmente quente e úmido. Aqui é tudo seco. A umidade do sul ficou para trás (isso é bom). Ladeiras íngremes, calçadas largas, muita gente na rua caminha apressadamente. Parece que todos estão atrasados para chegar a algum lugar. E devem estar mesmo. Celulares tocando a cada dois metros na minha frente, do meu lado, atrás de mim, na rua, nos elevadores, nas salas de espera, dentro dos carros. Musiquinhas irritantes sem dar trégua aos ouvidos mais sensíveis. Restaurantes lotados e comida meia-boca. Barulho, todos querem falar ao mesmo tempo e mais alto para serem ouvidos. Filas para entrar, filas para sair, filas no banco, filas no cinema, filas no metrô. Ninguém te deixa sair do trem, te atropelam antes. Ou você empurra e dá uma de mal educada, ou é empurrada porta adentro de novo. Metrôs de grandes cidades cosmopolitas não precisam ser assim. Em Nova York, Londres, Paris, Tóquio, onde os trens também são congestionados nas horas de pico, as pessoas te dão uma chance para descer ou subir, sem grandes atropelos. É só uma questão de educação.
Enfim, esse é o ritmo e o estresse de São Paulo. É preciso ser zen para sobreviver ao caos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Rapidinho no Santa Luzia

Hoje fui no Santa Luzia, ali na Alameda Lorena, nos Jardins, um dos mais requintados supermercados de São Paulo (acho até que é o melhor da cidade) e de deixar qualquer ser humano com água na boca, principalmente quando se chega antes do almoço ou do jantar (grave erro!). Quem mora ou já morou em Sáo Paulo sabe. Aquilo é uma perdição, das brabas! Vontade de levar tudo para casa. A seção de frutas e verduras é um espanto. Tudo embaladinho, bonitinho, fresquinho, com brotos de alface, alfafa, rúcula.... Os pães são tantos, de todos os jeitos e grãos e massas. Adoro. A área dos queijos, meu Deus me dê forças para resistir. Não posso mais comer gordura em demasia, mas aqueles queijos são de enlouquecer até mesmo pessoas com restrições alimentares. Nada a dever para o Bon Marché de Montparnasse. Aqui, pelo menos, se paga em reais e não em euros. Passei rapidamente pela parte dos chocolates e vinhos, muito rapidamente, lógico.
Uma checada rápida na nota fiscal, guardada aqui no gancho das compras para que eu controle minhas despesas diárias, me dá uma noção de até onde posso ir, mesmo estando no Santa Luzia:
1)duas quiches minis (pequeninhas mesmo) de alcachofra e de salmão: R$ 10,20;
2) pão baguette pequeno (crocante por fora e macio por dentro, da padaria própria do supermercado: R$ 1,90 cada
3)iogurte Activia (4 unidades) : R$ 4,80
4) metade de um melão orange (delícia): R$ 3,89
5) uma caixinha de morangos hidropônicos: R$ 3,85
6) um vidrinho pequeno de vinagre de estragão (dos mais baratos): R$ 4,50
7) alface mimosa hidropônica: R$ 1,75

Se eu continuar assim, tudo bem...Mas acho que não dura muito meu namoro só com o basiquinho.
Bem, quem vai determinar isso é o meu bolso. E ele já anda meio vazio com tantas despesas fora de casa. Nesse aspecto, saudades de Floripa.
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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Minúsculo


Não costumo falar de produtos aqui porque meu blog é uma espécie de terapia mental, já que escrevo sobre tecnologia todos os dias e o que menos quero é continuar o assunto quando já encerrei o expediente. Mas achei que valia a pena fazer um registro desse sistema de som/home theater, com player de CD, DVD, uma base para se colocar o iPod, um amplificador de quatro canais, seis caixas acústicas e um subwoofer. Tudo dentro dessa caixinha redonda. Ótimo para espaços pequenos. Foi lançado na feira de eletrônicos de Berlim, IFA 2008, nesta semana.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Pólis

Casa nova e provisória. Estranho morar num flat. Para tudo preciso chamar a portaria... Cubículo onde cabem minhas roupas, meus sapatos, meu notebook, alguma louça, um microondas, um fogão duas bocas, uma mini geladeira, uns livros e um tevê com TVA , portanto sem alguns de meus canais preferidos. Busco, e não acho, os meus seriados favoritos. A banda larga, pelo menos, me conecta com o resto do mundo. Me certifico de que o ser humano precisa, mesmo, de pouca coisa pra viver. É preciso refletir sobre isso.
De minha janela, a poucos metros daqui, vejo homens musculosos se exercitando na academia do hotel Renaissaince. Eles também me vêem, mas trabalhando. Visões diferentes entre São Paulo e Floripa. Lá fora o som das sirenes da polícia, das ambulâncias e buzinas de carros. É a pólis no estado bruto.