terça-feira, 30 de outubro de 2007

Mostra

Peço desculpas aos meus dois leitores por estar ausente deste blog por mais de uma semana. Mas é por uma boa causa. Estou no meio da maratona (mais uma) da Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, entrando e saindo de cinemas, sem tempo nem pra comer. Só acesso a internet eventualmente (por sorte, nao trouxe meu laptop, senão já viram, né?) , num cybercafé da esquina ou na casa de amigos. Prometo que na próxima semana voltarei! Não sei se isso é bom ou ruim...em todo o caso, estou me divertindo muito e conhecendo realidades de vários países graças à magia do cinema. Viva o Leon Cakoff e viva minha vida de free-lancer!
Até mais.

domingo, 21 de outubro de 2007

Budismo




Estou chegando de uma cerimônia sobre o budismo tibetano. Nos reunimos, cerca de 50 pessoas, no templo Chagdud Rigdjed Ling, um centro localizado numa área verde na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, repleta de bambuzais, quaresmeiras, cerejeiras, primaveras, ipês, cantos de pássaros e até pequenos sagüis. A cerimônia de iniciação era para poucos privilegiados e eu, por sorte, fui convidada por uma amiga. Recebemos os ensinamentos e as bençãos da monja Chagdud Khadro, uma lama inglesa que dirige o centro Chagdud Gonpa Brasil, de Três Coroas, no Rio Grande do Sul. Foram quatro horas absorvendo aquela voz suave da lama nos falando de dois budas: Amitabha, uma das figuras masculinas mais veneradas no budismo tibetano da China, Japão e Coréia, e a deusa Tara, a representação feminina de todos os budas, e a corporificação da sabedoria, do amor e da compaixão.
São coisas que aprendi hoje, mas tenho consciência de que preciso continuar estudando se quiser entender e aceitar essa iniciação dentro de mim. Foi uma experiência nova e intensa. Mas, confesso, fiquei cansada e me perguntando: Como podemos nos concentrar no amor, na sabedoria, na vacuidade (!), na impermanência do ser se, depois de algum tempo sentados em cima de uma almofadinha, as pernas, cruzadas em lótus, começaram a brigar com a mente para que não formigassem de cinco em cinco minutos? Como poderia pensar na iluminação interior e no nirvana, se as costas teimavam em doer desde o pescoço até a lombar, e as nádegas a pegar fogo naquele montinho duro e desconfortável? Como manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo (como dizia Gilberto Gil), e ainda pensar no prazer, se eu estava sem comer há mais de quatro horas?
Sim, o budismo, seus rituais, cerimômias e ensinamentos são essenciais para acalmarmos a mente e encontrarmos o eu interior. Mas acho que meu corpo não agüenta tanta provação até encontrar a iluminação e a sabedoria.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Istambul

Desde que li Istambul, do escritor turco Orhan Pamuk, Nobel de literatura em 2006, comecei a ter grande curiosidade pela cidade e pelo que acontece na Turquia. É estranho dizer isso porque, até o ano passado, eu nem cogitava em conhecer esse país. Sempre associei a Turquia a um regime militar repressor, com pouco respeito aos direitos humanos, sem falar na perseguição às minorias curdas, aos gregos ortodoxos, o massacre dos armênios. Idiomas estranhos ao turco foram banidos e reprimidos por muitos anos. Até hoje, os curdos, um contingente de mais de 15 milhões de habitantes na Turquia, evitam falar sua língua-mãe em alto e bom som dentro do território turco. Ou seja, nem sempre o islã e os mulás são culpados pelas coisas ruins que acontecem no mundo, já que o país é um Estado laico, livre das ingerências do islamismo radical, desde a criação da república pelo líder militar Mustafá Atatürk, no começo do século passado. Mas não é sobre a situação política da Turquia que quero falar aqui. Isso deixo para os jornais e livros de história.
Quero falar sobre livros e o fascínio que exercem sobre a gente. As memórias de Pamuk são uma verdadeira declaração de amor à cidade, com lembranças desde as mais remotas de sua infância, nos anos 50, com relatos saborosos sobre a movimentação da casa em que viveu quando era criança e da vizinhança no bairro onde morava. Suas visitas fugidias às ruelas estreitas e escuras da cidade e às casas armênias, gregas, otomanas, muitas em ruínas, são impregnadas de um olhar curioso e melancólico. O Bósforo é o personagem principal dessas memórias, com seus navios prenhes se insinuando no estreito, rumo ao oeste da Europa ou ao leste oriental. Uma cidade dividida entre a Ásia e a Europa. Identidade partida, tentando ser européia, mas, ao mesmo tempo, presa às origens do Oriente.
Em quase 400 páginas, Pamuk desvenda aos seus leitores a principal essência da cultura, da poesia, da literatura, da música e da vida dos istambulis: a hüzüm, palavra turca (de raiz árabe) para designar melancolia. Esse sentimento parece ser uma exclusividade de Istambul, segundo os relatos de Pamuk, que dedica um capítulo inteiro para descrever como a cidade reflete essa melancolia:
"Das velhas barcas de passageiros do Bósforo amarradas em estações desertas no meio do inverno, com marinheiros sonolentos esfregando o convés, balde na mão e um olho na tevê preto-e-branco à distância; dos barbeiros que se queixam de que os homens se barbeiam menos depois de uma crise econômica; das casas de barco vazias à margem do Bósforo; das casas de chá repletas de homens desempregados; das construções de madeira cujas tábuas rangiam, mesmo quando eram casas de paxás e rangem mais agora que se transformaram em repartições municipais; das muralhas da cidade em ruínas desde o fim do Império Bizantino; das finas fitas de fumaça que se erguem das chaminés das mansões centenárias no dia mais frio do ano; dos Chevrolet dos anos 50 que seriam peças de museu em qualquer cidade ocidental, mas aqui servem de táxi-lotação...." Irresistível, não?
Depois de ter lido Istambul e, na seqüência, Neve, do mesmo autor, e ter visto o documentário Atravessando a Ponte - O Som de Istambul, outro mergulho na cidade, com um olhar musical do diretor turco-alemão Fatih Akim, já decidi o destino de minha próxima viagem.

sábado, 13 de outubro de 2007

Paulo Autran

Apesar do burburinho e agitação que se apoderaram da Praça Roosevelt neste feriado, com as Satyrianas, o vazio e o silêncio se instalaram nos palcos brasileiros. Paulo Autran se foi. Com ele o l´esprit, a ironia, o humor sarcástico, o talento, o drama, a comédia, a tragédia. Tomara que o teatro volte a ser o mesmo, um dia.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Paris, sempre Hilton

Essa é a entrevista que Paris Hilton deu a David Letterman no finalzinho de setembro. O entrevistador desmonta a patricinha com as perguntas (im)pertinentes sobre a sua recente prisão por ter dirigido embriagada. O vídeo é hilário e achei que valia a pena postar aqui. Ele pergunta sobre a comida, quantas refeições ela fazia por dia, como se mantinha em forma, por que, afinal, foi presa (coisa que nem ela sabe direito), e como a amiga dela ficou detida somente por 45 minutios. Até que ela se enche de responder sobre a prisão e diz que só quer divulgar seu filminho, um perfuminho e umas roupinhas. Hilário. Vale dar uma olhada.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Déjà vu

Estou tão cansada, mas tão cansada, que não tenho nem forças nem cabeça para colocar nada de útil neste blog hoje, embora eu saiba que ando muito, mas muito relaxada com meus dois leitores cativos. Desculpem-me amigos, mas agora são quase 9h da noite de uma sexta-feira. Estou encerrando uma maratona de três dias enfurnada dentro de um centro de convenções, assistindo a trocentas palestras e painéis, participando de outras duzentas coletivas de imprensa com CEOs de empresas de telecom e visitando outro tanto de estandes que exibiam suas novidades desse "admirável mundo novo" (desculpem a redundância) da tecnologia. Meu Deus! Notionless.
Já deveria estar acostumada com tudo isso, afinal participo de eventos como esse há tanto tempo (mais de 15 anos, pelas minhas contas), mas a cada ano eles me deixam mais exausta, tanto física como mentalmente. Não só porque estou ficando mais velha, ou porque perdi um pouco de minha saúde nos últimos tempos, mas também porque tudo me parece tão igual, tudo tão do mesmo. Embora os produtos, exibidos como diamantes nos estandes, sejam ultra mega high tech e absolutamente inéditos para todos (e para mim), eu tinha uma sensação de déjà vu a cada caminhada que dava por aqueles corredores, quase me arrastando.
Depois, tive de passar dois dias enfiada no escritório escrevendo sobre todo esse déjà vu!
Ou seja, estou exausta e sem condições de escrever qualquer coisa inspirada, agradável ou criativa para vocês (meus dois leitores). Mas eu volto. E com outro humor. Prometo.