quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Fui!


Acho que raptaram ou abduziram o verão neste ano. Cadê o calor? Onde esconderam o sol? Por que estou usando blusa de mangas compridas e meias, em pleno janeiro? É lógico que o clima mudou e a gente está sentindo os efeitos rapidinho. Culpa nossa, de mais ninguém. Do homem. Sempre ele.
Bom, como o tempo tá chuvoso mesmo, não tá dando praia em Florianópolis (pobres argentinos, uruguaios e paulistas que desabaram para cá), meu jornal me deu uma folga forçada, e não tenho nada para fazer aqui porque odeio carnaval, vou dar um pulo até Sampa para ver os amigos, visitar a exposição da Tarsila na Pinacoteca, dos fotógrafos espanhóis no Masp (antes que roubem) e tirar um pouco do atraso com o teatro, pelo menos assistir aos espetáculos dos amigos, e não são poucos. Um frescor no cérebro. São Paulo não pára mesmo, com chuva ou sem chuva, com carnaval ou sem folia. Enquanto isto, Florianópolis fecha a cidade para o Rei Momo nesta sexta e só abre (e não estou brincando!) na quarta-feira de cinzas à tarde! Isso mesmo. Nem meu restaurante de quilo funciona nesses dias, ele só abre na quinta-feira! Para não morrer de fome ou de tédio, lá vou eu pegar um vôo da TAM rumo à paulicéia desvairada. Bom carnaval! Fui!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Ventania

"Nestas eleições não se trata de escolher segundo a região de cada um, a religião ou o gênero. Não se trata de ricos contra pobres, jovens contra velhos, nem brancos contra negros. Trata-se (de uma batalha) do passado contra o futuro". Foi esse, para mim, o melhor trecho do discurso, feito ontem à noite, pelo senador Barack Obama na Carolina do Sul, para comemorar a vitória folgada (55%) sobre seus colegas de partido Hillary Clinton e John Edwards, no complicado processo de escolha do candidato (dos democratas) para a eleição dos EUA, em novembro.
Vi o discurso de Obama pela CNN (na falta de coisa melhor para fazer, numa noite chuvosa de sábado e que acaba sendo ótima para se ficar em casa). Acompanhei também os comentários dos analistas internacionais contratados pela emissora nessa cobertura da corrida presidencial. Entre eles, o repórter Carl Bernstein (aquele que, com seu colega Bob Woodward, ajudou a derrubar o Nixon no caso Watergate, no tempo em que a imprensa norte-americana era mais independente do que é hoje). Todos estão fascinados - pelo que pude notar -, com o senador e novo fenômeno político (a imprensa adora novidades).
Nem lembro da primeira vez que ouvi falar ou li sobre Barack Obama, mas acho que há dois anos comecei a me interessar por ele. O que mais me chamou a atenção nele, além de suas imensas mãos e da magreza, contrastante com aquele povo roliço do norte, foi o carisma e aquele sorriso aberto. De cara, já gostei do sujeito, e ainda nem conhecia direito as idéias dele. Agora, sou sua fã número 1 (número 2, porque a mulher dele deve ser a primeira). O cara tem pinta de vencedor, é diferente (não porque seja negro, mas porque parece ser mais sincero que os outros bonitinhos e arrumadinhos), e pode representar um sopro de novidade naquela mesmice norte-americana. Ele me faz crer que realmente deseja uma mudança nos padrões (errados) do american way of life, e não apenas fala isso da boca prá fora. Ele cita os latinos, os pobres, os negros, a classe média no mesmo tom. E isso é bom.
Digo isso de longe, sou mera observadora, e sei que discurso de político é sempre uma maravilha. Mas, algo me diz que esse magrinho, com cara de bom moço, filho de africano, com nome de muçulmano e que deu uma surra na chatinha da Hillary na Carolina do Sul, vai incomodar. Torço muito por ele, porque os Estados Unidos precisam realmente dessa ventania chamada Obama. Que bons ventos o tragam e tomara que, desta vez, os norte-americanos saibam votar.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Perdas

Tristeza com a morte de Heath Ledger (nascido Heathcliff Andrew Ledger), um ator com uma bela carreira pela frente, agora interrompida dessa forma trágica. Pelo que li, o cara além de ótimo ator, era um bom sujeito, pai dedicado e marido carinhoso, além de ser idolatrado na sua terra natal, Perth, Austrália. Parece que ele estava bem estressado e sem dormir nos últimos tempos, e a causa seria a sua caracterização do personagem Coringa, no novo Batman (estréia marcada para julho). Teria, assim, exagerado na dose do sonífero Ambien, mortal quando ingerido com álcool ou em superdosagem. Não sei, a necropsia deve dar o resultado em alguns dias.
O que sinto é que este ano não está começando muito bem...Algumas perdas, inclusive no meu círculo familiar e de amigos, estão me deixando bem triste. Espero uma mudança de cenário. Amém!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Socorro!




Deus do céu! Eu não sei se os jornais e as tevês estão com pouca pauta porque é verão, ou se a coisa funciona assim mesmo(eu deveria saber, afinal, sou jornalista). Não entendi até agora o tanto de espaço que se gastou em papel e nos meios eletrônicos com essa bobagem de Fashion Week. Primeiro no Rio, depois em São Paulo. Que coisa massacrante! Ninguém agüenta mais aquelas meninas desfilando aqueles panos e roupas "desestruturadas" (como gostam de falar as fashion-comentaristas), nos seus corpinhos esquálidos e com cara de quem comeu alface mas estava louca para comer um bom hambúrguer. E os papos, então? Cada vez que vejo aquilo - e está por todos os lados: na tevê, nas páginas, na rádio - mudo de canal ou troco a página correndo como se estivesse fugindo do Big Brother (aquilo também é inacreditável, para falar o mínimo) ! Mas foi difícil, viu? Parece que acaba hoje. Posso abrir o jornal sem medo a partir de quinta, então? Beleza!

domingo, 13 de janeiro de 2008


O pôr-do-sol no mar, visto do quarto do hotel Portobello, em La Paloma: 21h do dia 30 de dezembro de 2007
Acho tão bonitos (e românticos) os faróis... este é de la Paloma...


À esquerda, uma casa e um bistrô na praia de La Pedrera, uma das menores e mais charmosas do litoral uruguaio. Abaixo, a fachada superior de um armazém, em Cabo Polônio, pintada com pombas. Na "vendinha", vi pessoas comprando velas, água em galões e pão. Tudo meio anos 70...
Uma das casinhas mal acabadas de Cabo Polônio, uma praia ainda meio hippie no litoral norte do Uruguai

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

BBB8

Comentário de minha sábia mãe, d Eliza, a respeito do Big Brother 8, que começa hoje (infelizmente) e que ela detesta tanto quanto eu:

Eu nunca entendi esse tal de Big Brother. Aquelas mulheres, com pouca roupa, ficam debaixo daquele cobertor com os homens. Eles só comem, fazem ginástica e elas choram. É muito pouca coisa para ganhar 1 milhão...não é?

Eu nem me dei ao trabalho de explicar o inexplicável para D Eliza.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Ao sabor do vento

Passei 12 dias visitando o litoral do Uruguai, que apesar da pouca distância do sul do Brasil, era um lugar desconhecido para mim (com exceção de Punta del Este, onde estive nos anos 70, quando a badalação ainda era suportável, e da qual mantive distância desta vez).
Admiro as pessoas planejadas, ao ponto de levarem consigo mapas, guias com anotações de restaurantes, de museus, de monumentos, de pontos interessantes, gente que amplia seus conhecimentos sobre os lugares a serem vistos, sabendo de antemão um pouco de sua história para melhor aproveitar a viagem. Já fui assim, no passado. Agora, quando viajo, me deixo levar pelos acontecimentos. Muitas vezes descobrimos lugares mais charmosos e incríveis e pessoas curiosas e bem mais interessantes do que os indicados pelos guias, pelo menos para nós, observadores do cotidiano (e descompromissados em época de férias). É claro que certos países exigem esse tipo de ajuda, pela limitação da língua e cultura totalmente estranha. Não é o caso do vizinho Uruguai. Portanto, nestes poucos dias passados entre Uruguai e Buenos Aires (onde dei uma esticada, porque ninguém é de ferro), me deixei levar pelo sabor do vento. Literalmente. Além do sopro frio (para mim, porque para os uruguaios isso nem fazia diferença) em pleno final de dezembro nas largas e belas avenidas de Pocitos e Carrasco de Montevidéo, o que me surpreendeu no Uruguai foi a ausência de pressa das pessoas e a impressão de que o tempo não passava. Com o horário de verão, o sol se põe perto das 21h! O dia fica muito comprido porque as 5h já está claro. Os táxis velhos, os ônibus antigos e sem reposição da frota, o cobrador ainda dando bilhetes para o passageiro, alguns prédios em ruínas, os papéis voando nas ruas vazias do feriado (na parte mais antiga da capital), tudo isso nos deixava com uma idéia de que estávamos em plenos anos 50/60, e o tempo passando devagar. Impressão só quebrada quando vemos o grande número de pessoas usando MP3 e celulares nas ruas. Por outro lado, há uma sofisticação (nada exagerada e até um pouco decadente) no bairro de Carrasco, um subúrbio pleno de mansões construídas no passado (quase nada é novíssimo em Montevidéo). Essas casas ficam no meio de um bosque a poucas quadras do mar, e a paisagem é deslumbrante. Poucas cidades no mundo têm um bairro como aquele, eu acho.
Também me chamou atenção a gentileza extrema dos uruguaios. TODOS fazem questão de tratar muito bem os turistas. O motorista do ônibus seria capaz de nos levar até onde quiséssemos se pedíssemos a ele para sair de seu roteiro. Andar de ônibus, aliás, é uma experiência enriquecedora para quem não conhece a cidade. Sempre gostei e recomendo.
As praias de La Paloma, La Pedrera e Cabo Polônio, no norte do país, são pequenos povoados (a maior tem cerca de 3 mil habitantes) com um mar azul cristalino e gelado, mesmo no verão, para nós, brasileiros, um sacrifício. Cabo Polônio é uma vila hippie com suas dunas e rochas abrigando um punhado de casinhas mal acabadas, sem luz ou água encanada.
Foi uma aventura ficar sacudindo naqueles jipes 4x4 cheio de gente, único meio de transporte permitido para se chegar a Polônio. Voltei aos meus tempos de juventude quando os hippies tomavam conta do Farol de Santa Marta, no sul de Santa Catarina. Quando me dei conta, já estava sentada debaixo de uma árvore, às 3h da tarde do dia 31 de dezembro, na beira da estrada, esperando o ônibus de volta para La Paloma, ao lado de quatro jovens cantando um Bob Marley com violão e bongôs. Quem diria que algumas horas depois daquele momento riponga, estivesse sentada num elegante bistrô, comemorando o Réveillon com uma comida fantástica e uma taça de champagne. Foi um ano novo diferente e de contrastes. Sem estresse, sem correrias, e sem promessas feitas para depois não serem cumpridas. Taí, gostei.