sábado, 19 de abril de 2008

Fúria e barbárie

O que leva um ser humano a rodar 400 km com um Corsa 95, saindo de Cuiabá até São Paulo para chamar de assassinos o casal Nardoni, em frente à casa do pai de Alexandre? O que passa pela cabeça do metalúrgico Juscelino, que sai de casa em seu dia de folga, sem tomar café e sem almoçar, para ficar postado na frente de uma delegacia cantando parabéns à você (no aniversário de 6 anos de uma menina morta) e clamando por justiça (com as próprias mãos?) ? E o que pensa estar fazendo ali a babá Maria de Lurdes, que não foi trabalhar na sexta-feira, saiu de Mauá, pegou um ônibus até o terminal da cidade, depois um trem até a Estação da Luz, no centro de São Paulo, dali tomou um metrô até a periferia, desceu na estação de Tucuruvi, se deu conta de que estava no endereço errado, pegou outra condução e foi até a delegacia para dizer que queria "acompanhar de perto" o desenrolar dos acontecimentos?
Assisti e li alguns relatos dessas pessoas na tevê e nos jornais, e nem preciso dizer que fiquei chocada. Por mais que a gente tente compreender o ser humano e seu comportamento, muitas vezes surpreendente e desumano, sempre ficamos devendo. Não sou psicóloga, antropóloga, socióloga nem nada, sou apenas uma observadora dos fatos. Mas, confesso que os humanos me dão um baile! Será que eles estão lá por causa da dor da perda de uma menina que nem conheceram? Ou seria pelo show promovido pela mídia? Ou têm pena da mãe de Isabella? Ou querem ver a cara dos suspeitos, gritar por justiça e, de alguma forma, participar do julgamento (ao seu modo)? É por morbidez ? Será que essas pessoas não têm nada para fazer? O que sei é que esse comportamento selvagem me arrasou, tanto quanto o assassinato.

Um comentário:

alberto disse...

bem pensado e bem escrito barbarella. te entendo e penso o mesmo! fellini e buñuel não chegam ne perto desta realidade.