segunda-feira, 5 de julho de 2010

O adeus

Alguns dias se passaram desde que nosso amigo de tantos anos - mais de 20 -, Alberto Guzik, partiu. Demorei um pouco para escrever algo sobre ele porque também estou tentando entender essa perda. Até agora ainda não percebo esse fato como sendo real, embora tudo me indique a realidade, a sua cremação, a missa de sétimo dia, a dor e a saudade das pessoas. Não sei para onde ele foi. Mas, certamente, acho que é um lugar de luz, como eram os palcos em que ele atuava e onde ele se sentia em casa.
Homem dos livros (escreveu alguns), do teatro (atuou, escreveu e dirigiu várias peças), do jornalismo (era um dos grandes críticos de teatro deste País, à época do Jornal da Tarde, onde trabalhamos juntos por 15 anos), um professor incansável, e dono de uma cultura que assombrava. Sempre tinha uma referência sobre o autor de um livro que a gente estava lendo, o filme que íamos ver, ou a peça que acabávamos de assistir. O cara conhecia mitologia grega profundamente, lia Shakespeare no original e poderia traduzir Jean Racine, se fosse preciso. Guzik era um Google com relevância e critério.
Sua partida nos deixa mais solitários. Quando uma pessoa querida morre, se vai com ela um pedaço de nós. A morte carrega nossas lembranças, nossos bons e maus momentos compartilhados, nossas referências. Um pouco da gente também morre, e a gente se entristece, chora e não se conforma, por mais estóicos que sejamos.
Só torço para que meu amigo tenha escolhido um bom lugar pra ficar, tomara que seja cheio de holofotes.

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