segunda-feira, 11 de julho de 2011

Turista Acidental






Edifício Copan.
O largo do Anhangabaú e o prédio dos Correios na esquina da Av. São João.
Na outra foto, o ed. Martinelli ocupando uma quadra inteira à direita, ao centro, o prédio do Banespa com seu formato Empire State, e à esquerda, o Banco do Brasil.

Num sábado desses levei minha irmã e uma amiga para passear no centro. Por serem arquitetas, elas têm a curiosidade natural sobre as edificações, a forma como foram construídas, que materiais foram utilizados na construção e o estilo de cada uma. Um olhar mais apurado que o meu, que mantenho apenas uma curiosidade jornalística de datas e fatos em torno desses prédios. Foi uma feliz conjunção de desejos. O meu, de conhecer um pouco mais a cidade em que vivo há 20 anos, e o delas, de apurarem os sentidos e o conhecimento com a arquitetura variada e heterodoxa de uma parte da cidade. Por um golpe de sorte (e quem disse que jornalista não tem sorte?), esbarramos na portaria do edifício Martinelli com um porteiro super solícito, seu Eurípides. Vendo nosso interesse pelo prédio, ele nos levou até o 26o. andar para que tivéssemos uma visão privilegiada da cidade e conhecessemos os corredores de mármore rosa e lustres deslumbrantes. Seu Eurípides nos contou um pouco da história do primeiro arranha-céu da capital, o maior da América Latina (na década de 20) e o primeiro totalmente construído em concreto armado, tecnologia trazida da Europa pelo seu idealizador e proprietário, o italiano Giuseppe Martinelli, conforme texto relatado pelo gentil porteiro. No terraço, ele nos conta que a intenção inicial de Martinelli era fazer um prédio de 30 andares, mas que a Prefeitura lhe tinha dado licença para apenas 14, com os quais foi inaugurado em 1929. Mas venceu pela persistência e conseguiu inaugurar em 1934 os 30 andares desejados. No terraço do 26o., o quintal da mansão de Martinelli construída lá no topo, temos uma vista amplificada da cidade. Lá embaixo, o centrão, com o largo do Anhangabaú de um lado, o largo D. Pedro do outro, as torres de tevê da Av. Paulista e o Pico do Jaraguá ao longe.
Uma amiga minha falou, certa vez, que gosta de São Paulo pela beleza peculiar que ela tem. Eu entendo que a cidade parece "feia" aos olhos de um estranho ou turista, mas passa a ser apreciada e até considerada bonita pelos seus moradores pela diversidade, pelos contrastes, pela desarmonia, pela sua arquitetura mesclando vários estilos e cujos edifícios mais interessantes se concentram no centro. Foi um passeio turístico mas de grande valor sentimental para quem vive aqui,como eu.

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