sábado, 24 de novembro de 2007

Fundo do poço

Os brasileiros convivem, há alguns dias, com um grande incômodo e uma dúvida. Por que num Estado como o Pará, onde a governadora, a secretária de segurança, a delegada da cidade de Abaetetuba (a 130 km de Belém) e a juíza são todas mulheres, provavelmente mães, tias, avós ou madrinhas de alguma criança, permitiram que toda essa selvageria acontecesse com a menina L., de 15 anos, encarcerada com vários homens numa cela de cadeia?? O mais cruel é que muita gente sabia dos horrores cometidos contra a garota (estupro, pancadas, humilhação), e não fizeram nada. A denúncia foi anônima! Medo. Covardia. Ignorância. Francamente, dona Ana Júlia do PT! Não saber o que acontece numa cidadezinha do interior do seu Estado dá até para entender, mas não dispor de nenhuma cela específica para mulheres? Até quando vamos precisar testemunhar barbaridades como esta no País?
Como diz uma amiga minha, militante do movimento feminino e integrante do Conselho Tutelar: o Brasil ainda não trata as mulheres como deveria, e vários tipos de violência cometidos contra elas não são considerados crimes por aqui.

Será que vamos chegar ao ponto de condenar uma mulher por ter sido estuprada, como acontece nos países islâmicos? Recentemente, na Arábia Saudita, uma corte de apelação condenou uma moça a 200 chibatadas e a seis meses de prisão depois de ela ter sido estuprada 14 vezes por um grupo de homens. Seu castigo foi imposto por ela ter infringido as leis de segregação por sexo daquele país. A moça, de 19 anos, decidiu dar um passeio com um homem em um carro (provavelmente um amigo), o que é proibido. Depois, foi atacada por uma gangue. Como apelou à Justiça contra a covardia de seus atacantes, sua pena não foi só revista como dobrada (a pena inicial eram 90 chibatadas). Tem gente achando que ela teve sorte...

Nenhum comentário: