quinta-feira, 26 de junho de 2008

Menos é mais

Estou numa fase do tipo "menos é mais". Sinal dos tempos. O mundo não precisa de mais gente consumista do que já tem, gastando energia à toa, usando aparelhos eletrônicos sofisticadíssimos, mas cujas funções só são usadas em seu modo básico (especialmente no caso de celulares, players musicais ou de vídeo, controles remotos cheio de botões que só nos confudem, etc. etc.). São produtos com um grau de obsolescência planejada e sem padronização, ou seja, quando sua vida útil acaba e eles param de funcionar não podem mais ser consertados porque surgiu uma outra novidade, ainda mais cara e cheia de recursos. "O padrão é outro". Neste caso, nos resta descartar aquele equipamento num lixão especializado em recolher esse tipo de mercadoria (louvo pessoas com essa preocupação, mas nem todas pensam assim). Estou preocupada, sim, com o tanto de lixo que produzimos em nossas casas (sacos plásticos, latas de alumínio, utensílios de cozinha que ficam eternamente no fundo das gavetas para jamais serem aproveitados, equipamentos inúteis). Não vou nem entrar na questão dos combustíveis, da queima do petróleo, das florestas, da falta de alimentos, do excesso de carros nas ruas porque as famílias têm mais de dois carros na garagem, das imensas casas abrigando três ou quatro pessoas no máximo, do excesso de controles remotos para diversos aparelhos.
Falo isso e lembro do Japão e dos Estados Unidos (e o Brasil não fica atrás), com sociedades consumistas ao extremo, embora tão distintas, e, infelizmente, arrastando consigo os agora ricos chineses. Só que os japoneses se suicidam quando devem muito ao banco, os norte-americanos renegociam seus créditos no cartão e continuam comprando. Acho tudo isso tão anacrônico, tão fora de moda, tão triste.
O antropólogo cubano Emílio Morán, morador dos Estados Unidos há 14 anos, também está assustado com o que vê por lá. Numa entrevista à Folha nesta semana, ele pediu para a população desligar a tevê, porque ela seria a culpada pelo excesso de consumo na sociedade ocidental. Diz ele: "O americano, na média, está todo endividado. A maioria paga apenas os juros. Cada um tem uns US$ 20 mil em dívidas só no cartão de crédito". Apenas para ter mais e mais. "No caso do mercado imobiliário, por exemplo, muitos fazem a segunda hipoteca [antes de quitar a primeira] para mudar para uma casa maior."
Bem, eu não vou desligar a tevê, até porque eu não vejo comerciais ! E também porque não sou uma pessoa que se comove facilmente com anúncios ou vitrines. Adoro olhar vitrines sim, e também não vou mentir e dizer que não gosto de comprar, ou que já não tenha caído em tentação ao adquirir roupas ou outras coisas cuja necessidade foram postas à prova e não passaram no primeiro teste. Mas isso passou. Meus ímpetos, que já eram minimalistas, diminuíram muito nesses últimos quatro ou cinco anos. Talvez seja a idade, já que aos 50 você quer mais é se livrar de coisas e não acumular, porque sua vida adquire outra dimensão, outro tipo de prioridade, outros valores. Talvez seja a preocupação com o excesso desnecessário (não preciso de cinco calças jeans quando posso viver com três, por exemplo, ou de cinco casacos de lã, quando as pessoas do Morro da Cruz estão passando frio, ou de um celular novo por ano, se o meu funcionar direito por quatro ou cinco anos). Não é uma idéia de hippie. É um conceito novo que começa a fazer parte do dia-a-dia das pessoas mais conscientes, e conheço muita gente adotando a mesma atitude, felizmente. Isso também na vida.
Livros, viagens, cinema, teatro e comida boa são os meus prazeres de consumo hoje em dia. Todos voláteis. Livros podem ser lidos e doados (eu os guardo), viagens você as usufrui e guarda na memória, assim como os filmes e as peças. E comida é um prazer momentâneo. Você come e depois, bem....arrota como os franceses? Acho que assim estarei causando menos desperdício e fazendo minha parte. Ah! Não posso esquecer da sacolinha ecológica (de pano) para ir ao supermercado, e sonho com o dia em que os sacos plásticos poluentes serão eliminados dos caixas. E só os orgânicos vingarão.

5 comentários:

Anônimo disse...

Babi;;
Obrigado pelas tuas ultimas visitas ao meu Blog. Nào respondi antes por que até sexta feira a correria por aqui foi enorme e mal dava tem ate de escrever meu Blog. Mas tenho visto sempre teus post, e leio sempre que voce posta, já que teu BLOG esta na minha lista de favoritos do meu reader de RSS.

Beijos saudosos

Barbara disse...

Obrigada Lorenzo. E, mais uma vez, parabéns!

Anônimo disse...

menina, desse jeito você vai salvar o planeta sozinha!!!! rs... beijo grande, Erika Riedel

Sônia Guimarães disse...

Babi: faço minhas as suas palavras. Não poderia expressar melhor toda a apreensão com o futuro do lixo que produzimos. Um beijo, estou esperando vc em Sampa, hein?

Barbara disse...

obrigada querida! logo estarei aí. beijao