segunda-feira, 7 de julho de 2008

Van Gogh aos 7


"Na realidade, eu estou pensando em ser artista, tipo Van Gogh ou Picasso, então não importa se eu tirei 6 em matemática no mês passado. E a média era 5, eu ainda estou acima dela". Essa foi a frase que ouvi ontem de meu perspicaz e precoce afilhado Gabriel - fofo, maravilhoso, lindo e inteligente - de 7 anos, cuja grande paixão são os lápis de cor, as tintas, um bloco em branco, alguns pedaços de arames, fitas, papelão, cola e tudo o que possa ajudá-lo na armação de uma "obra de arte", atividade na qual ele se empenha com entusiasmo, sempre. Eu mesma já ganhei várias dessas "obras" e as guardo, claro, com o orgulho de madrinha. Estávamos preocupados - eu e os pais dele - com as notas recentes na escola, um 10 em artes, outro em criatividade, outro 10 em enriquecimento pessoal, 9 em ciências, mas apenas 6 em matemática e um português escrito ainda capenga, embora o falado seja perfeito e com um vocabulário riquíssimo. Agora, a tarefa e fazer com que o menino leia mais - tem vários livros - e, pelo menos no português, ele flua melhor na escrita, pois com pai e madrinha jornalistas não há frustração maior do que ver o pequeno tropeçando no L e no U (trocando letras) em algumas palavras.
Mas quando ouço ele me dizer coisas como: "adoro essa tesoura (de cozinha, para cortar aves), ela tem um desenho futurista que dá vontade de desenhar" , eu já sei que o futuro dele pode passar bem longe da redação de um jornal. Ainda bem. A arte o inspira, que o pequeno Gabriel siga os passos que a sua intuição e o talento lhe reservam no futuro, descobrindo não só Van Gogh, Picasso ou Monet, mas os nossos Iberê, Volpi, Malfatti, Aldemir Martins, Tarsila, Varejão, Tunga, Leonilson, Valtércio. Sem abandonar os números e as letras, claro.

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