terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A bolsa ou ... o celular

Domingo, 9h da noite. Calor em São Paulo. Eu descendo a rua para ir ao supermercado. De repente, uma mão aperta meu braço esquerdo e diz: Vem comigo. Eu levo um susto e alguns segundos para perceber que aquilo não era uma cantada ou alguém querendo me levar para beber uma cerveja. Era um assalto.
Olhei pro cara, era alto, magro e de boné (por que todos usam bonés?). Disse pra mim mesma, tou ferrada. Ele tentava me empurrar pra frente como se quisesse me levar pra algum lugar. Insegura, mas não em pânico, eu empaquei e dali não saía, porque apesar de não ter viv'alma na rua, pelo menos eu tava pertinho de um hospital, onde sempre tem muito movimento de gente chegando ou saindo. Ele me dizia e repetia: Me dá a bolsa e não se preocupe, não vou fazer nada contigo, não quero nada além da sua grana, nem o celular eu quero, nem documentos, nada! Bom, menos mal,pensei, o cara é decidido e aparentava sinceridade. Aproveitando essa "abertura" eu dei uma checada se ele estava armado. Em frações de segundo, arrastei meu braço no corpo dele para sentir se a cintura tinha algo escondido. Nada, a não ser um abdome tipo tanquinho. Fiquei mais tranquila e disse que precisava pegar a chave para poder entrar em casa. Então perguntei, o que você vai querer com uma bolsa de mulher? Ele disse que não queria nada, só o dinheiro. Arranquei os únicos trocados que tinha na carteira (20 reais)e entreguei. O sujeito, impaciente com minha pobreza, se espanta. É só isso? Me dá o celular também. E ainda argumentei, esse celular é instrumento de trabalho, tem tudo ai dentro! Ele nem piscou. Pegou o aparelho, que nem era tão bom assim,e encerrou o caso. Eu me virei para subir a rua do lado contrário de onde estava indo. Ele ainda segurava o meu braço e eu cheguei a acenar para umas pessoas que estavam passando do outro lado, mas eles nem deram bola, poderiam achar que aquilo era uma briga de namorados. Ele insistiu para que eu seguisse o caminho original, ou seja, rumo ao supermercado, vamos pro lado que você 'tava indo, eu te acompanho. E eu: não vou descer com você nessa escuridão! Já chega, você já teve o queria, me deixa em paz. Ele me puxou ainda numa última tentativa, mas acho que também estava muito nervoso para ficar brigando e se mandou. Livre do cara, subi a rua do lado contrário dele e fui pra minha casa. As pernas estava meio frouxas, encontrei um monte de gente na rua depois. Fiquei besta como as coisas acontecem assim, na rua, e ninguém vê.

Já na segurança da minha casa eu pensei que aquilo poderia ter sido um pesadelo, uma tragédia, um horror, uma violência. Mas não foi. Foi só uma tentativa desesperada de um sujeito para assaltar uma pessoa à mão desarmada, levando qualquer coisa que ela oferecesse. Sim, porque a única coisa que ele tinha na mão era um celular, e que, provavelmente, também havia sido roubado.
Eu sei que fiz tudo ao contrário do que está escrito no manual das vítimas de assalto. Reagi, argumentei, acenei para outras pessoas, segurei a bolsa como se ela escondesse o diamante da pantera cor-de-rosa e não segui o caminho com ele. Me disseram, você é louca! Acho que fui louca sim. Mas só agi desse modo maluco porque senti segurança no momento para não ceder ao que ele pedia. Mas não recomendo a ninguém fazer o mesmo. Nunca se sabe o tipo que vamos encontrar pelas esquinas.

2 comentários:

Lorenzo Madrid disse...

Que sustos hein....

Esse é uma das razões que me fazem pensar duas vezes cada vez que sinto vontade de voltar a morar em SP.

Barbara disse...

Acho que vc não volta mais não. Bj