sábado, 18 de agosto de 2007

Músicas de fundo

D. Eliza sempre foi uma mulher forte e saudável, apesar de seus 81 anos. Os únicos poblemas dos quais se queixa, ultimamente, são a labirintite e o colesterol um pouco acima do normal, controlado com remédios. Quisera eu chegar à idade dela com essa vitalidade! Mas ela tem, também, um problemas de audição já faz alguns anos. Na verdade, acho que tudo começou quando meu pai ainda era vivo. Nos últimos anos de vida de seu Cenorino, a gente já precisava gritar para ele ouvir. E isso era meio estressante para minha mãe, já que além de gesticular e falar aos berros com meu pai, não existia uma conversa normal entre eles, por conta justamente dessa limitação. Depois de algum tempo convivendo com essa deficiência de seu Cenorino, ela acabou por ficar tão surda quanto ele.
Bom, o fato é que ela usa aparelho num dos ouvidos. Mas notamos que esse dispositivo, por vezes, mais atrapalha do que ajuda. Isso porque, segundo ela, dependendo do volume colocado no tal aparelho, ela diz ouvir só os barulhos do ambiente, e não consegue entender as palavras da pessoa falando diretamente com ela. Isto é, se ela está num ambiente com música, buzinas de carros, rádio, tevê alta, muita gente conversando ao mesmo tempo, o aparelho captura mais esses sons, prejudicando uma conversa bilateral. O que pode explicar o fato de ela não me escutar muito bem quando estamos em ambientes barulhentos.
Agora, D Eliza diz que além de não escutar muito bem o que a gente fala - o que não é grave na idade dela, mas atrapalha um pouco as relações sociais - ela está ouvindo uma música ao fundo, e...dentro da cabeça! Pior, a música, diz ela, é alemã, talvez austríaca (terra do pai dela). "Às vezes, é uma valsa de Strauss, bem ao longe, noutras é uma música de minha infância". E começa a cantar, em alemão, a canção folclórica austríaca da hora. E, tem mais, ela não curte essa música. Em outros tempos, me disse, era aquela "Fascinação" (a mesma cantada pela Elis Regina). O repertório é variado. Diz que essas músicas surgem quando está sem aparelho ou quando está tudo no mais absoluto silêncio.
Bem, vou ter de tomar uma providência, levando D Eliza ao médico para avaliar esse tipo de "ruído"na cabeça.
Só espero que essas músicas continuem como estão, folclóricas alemãs, valsas austríacas ou canções suaves, sem descambar para o sertanejo ou rap, aí sim, a situação de D Eliza ficaria preocupante.

Um comentário:

Barbara disse...
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