domingo, 21 de outubro de 2007

Budismo




Estou chegando de uma cerimônia sobre o budismo tibetano. Nos reunimos, cerca de 50 pessoas, no templo Chagdud Rigdjed Ling, um centro localizado numa área verde na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, repleta de bambuzais, quaresmeiras, cerejeiras, primaveras, ipês, cantos de pássaros e até pequenos sagüis. A cerimônia de iniciação era para poucos privilegiados e eu, por sorte, fui convidada por uma amiga. Recebemos os ensinamentos e as bençãos da monja Chagdud Khadro, uma lama inglesa que dirige o centro Chagdud Gonpa Brasil, de Três Coroas, no Rio Grande do Sul. Foram quatro horas absorvendo aquela voz suave da lama nos falando de dois budas: Amitabha, uma das figuras masculinas mais veneradas no budismo tibetano da China, Japão e Coréia, e a deusa Tara, a representação feminina de todos os budas, e a corporificação da sabedoria, do amor e da compaixão.
São coisas que aprendi hoje, mas tenho consciência de que preciso continuar estudando se quiser entender e aceitar essa iniciação dentro de mim. Foi uma experiência nova e intensa. Mas, confesso, fiquei cansada e me perguntando: Como podemos nos concentrar no amor, na sabedoria, na vacuidade (!), na impermanência do ser se, depois de algum tempo sentados em cima de uma almofadinha, as pernas, cruzadas em lótus, começaram a brigar com a mente para que não formigassem de cinco em cinco minutos? Como poderia pensar na iluminação interior e no nirvana, se as costas teimavam em doer desde o pescoço até a lombar, e as nádegas a pegar fogo naquele montinho duro e desconfortável? Como manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo (como dizia Gilberto Gil), e ainda pensar no prazer, se eu estava sem comer há mais de quatro horas?
Sim, o budismo, seus rituais, cerimômias e ensinamentos são essenciais para acalmarmos a mente e encontrarmos o eu interior. Mas acho que meu corpo não agüenta tanta provação até encontrar a iluminação e a sabedoria.

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