domingo, 9 de março de 2008

Adolescência


Across the Universe é um desses filmes para lembrar a minha adolescência. Nunca gostei de filmes musicais, talvez porque fique frustrada por não saber cantar e morra de inveja desses atores-cantores. Eles são geniais. Sabem atuar, decorar bifes inteiros e ainda soltam a voz daquele jeito maravilhoso. Mas este musical eu curti porque tem a ver com meus verdes anos. A história, bem simples, é contada através de algumas das melhores canções dos Beatles, falando do amor, da guerra (do Vietnã), das drogas, do preconceito, da busca da identidade, da juventude perdida. Anos 60, anos de rebeldia, de ódio racial, do envolvimento dos Estados Unidos na Ásia, mas também de muita curtição riponga, comunidades, amor-livre. Tudo isso vem encaixadinho dentro das músicas.
A gente ouve canções que nos trazem muita saudade daqueles tempos de juventude beatlemaníaca. Eu era uma das mais fanáticas entre os 11 e os 17. Era fã dos Beatles de carteirinha, literalmente, porque fazia parte do fã clube "Ordem do Império Britânico" - nome pomposo para homenagear os Fab4 que haviam recebido uma medalha de condecoração da rainha Elizabeth (em 1965). McCartney era meu sobrenome adotado na época, e com ele assinava as cartas escritas a meus penpals (eu tinha uns 50 correspondentes, em tempos sem internet, a maioria deles fora do Brasil). Nossas cartas eram o supra-sumo da futilidade, pois só falávamos do novo corte de cabelo do Paul, da roupa que a Jane Asher estava durante o retiro que fez com o grupo na Índia (foi nessa época que ouvi falar pela primeira vez do guru indiano Maharishi Mahesh Yogi), dos anéis do Ringo, dos óculos de John, blábláblá. Era tudo tão pouco consistente, mas importante para mim. Aliás, era minha vida. Vivi, eu e meus amigos de jornada beatlemaníaca, pelo menos 6 ou 7 anos da pré e adolescência PARA os Beatles. Era uma obsessão tão grande que nossos pais chegaram a ficar preocupados porque não fazíamos outra coisa fora da escola. Era VIVER para os quatro cabeludos. Meus amigos e eu nos reuníamos nos fins de semana para escutar os novos discos (que demoravam a chegar por aqui ....), algumas raridades (botlegs) que os fãs mais abonados traziam do exterior ou ediçoes piratas que nos chegavam milagrosamente às mãos. O mundo em guerra lá fora, a ditadura dando as caras aqui dentro e nós só pensando naquilo...
Mas os Beatles acabaram (embora suas músicas não) e a adolescência também. Pano rápido.
O que mais me cativou em Across the Universe foi o ator central que interpreta Jude. Chama-se Jim Sturgess. O cara é demais. Canta bem, fez um tipo que lembra o Paul no filme, tem talento, e, além de ser um gato, é simpático!
Meninas, atenção, ele vai voltar às telas neste ano. Um dos filmes será com Harrison Ford e Ray Liotta, sobre imigração nos Estados Unidos (previsto para junho). O outro é 21, já anunciado em trailers, em que ele interpreta um gênio da matemática do MIT e é chamado para cometer fraudes em cassinos. Em The Other Boleyn Girl (em cartaz nos EUA), ele atua com Natalie Portman e Scarlett Johansson como irmão de Maria e Ana Bolena. Vamos ouvir falar muito de Jim Sturgess em 2008. Ainda bem, com ele meus tempos de adolescente voltaram.

Um comentário:

Sônia Guimarães disse...

Não consegui ver esse filme na Mostra, e não fiquei muito animada quando passou em circuito comercial. Mas, depois de ler a sua opinião, fiquei super a fim. Agora vou ter de esperar pelo DVD.