segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ortografia

Leio na Folha de hoje que a reforma ortográfica, com novas e radicais mudanças na grafia de nosso idioma, começa a valer a partir de 2008. Entre as mudanças, resultantes de um acordo entre os países de língua portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Timor Leste), estão o abandono da tão temida trema, acentos diferenciais, circunflexos e agudos, hífens, enfim, todos legados ao esquecimento. Novas regrinhas virão. Um novo aprendizado, especialmente para quem conhece e costuma respeitar o idioma. Vai ser dureza escrever ideia, jiboia, veem, voo, feiura.
Tem muita gente que está a comemorar a eliminação de tantos agudos, chapeuzinhos ou tracinhos nas palavras, especialmente quem nunca conseguiu usá-los adequadamente.
Por outro lado, vejo, com espanto, como alguns jovens internautas criaram uma novilíngua sem nunca terem lido George Orwell. É só dar uma olhada em seus bate-papos pelo MSN, Yahoo!, blogs, mensagens no Orkut e torpedos e ver como essa geração digital resolveu bem seu problema com a língua, criando inusitadas formas de escrita, com abreviações e terminações esquisitas. E todos acabam se entendendo e adotando aquilo como norma.
Não sou contra escrever sem acentos em e-mails e torpedos para amigos. Eu mesma faço isso com freqüência (ou frequencia) porque a internet é um veículo ou mídia que exige rapidez, e, convenhamos, acentos nos exigem várias funções no teclado, ainda mais nos que não seguem as normas ABNT. Mas isso é perfeitamente aceitável para quem conhece as regras e sabe usá-las, mesmo que as ignore na pressa da escrita.
O que me apavora é que essa garotada (jovens com boa educação em casa, ótimas escolas particulares, estantes cheias de livros e boas notas) não sabe escrever mais. Será que aprendeu algum dia? E a nova ortografia, será mais fácil para eles?. Torço para não precisar mais ler viajem, aflissão, ipocrisia, paíz e coisas do gênero em alguns textos desses jovens internautas, já que teremos de nos acostumar com voo, veem, heroica e assembleia.

Enquanto isto, os portugueses não poderão mais grafar acção, adopção, húmido e herva - óptimo (oops... ótimo) para eles!

Um comentário:

Verônica Couto disse...

oi, Bárbara. Bacana seu blog. Vi tb. a notícia sobre a reforma. Não gostei, não. Acho que a gente entende perfeitamente os outros "portugueses", e ainda pode experimentar as sonoridades e desenhos diferentes que a língua toma em cada canto. Por que todo mundo tem que falar igual? Você não acha que o idioma traz uma história própria, que o vai ajeitando de acordo com as misturas locais, e que isso é lindo? Enfim.beijos,nica